sexta-feira, 11 de abril de 2008

Subsídios para organizar avaliações da ação governamental

"Uma avaliação cumulativa que não seja formativa, isto é que não contribua para tomada de decisão aprimorada é irrelevante e constiui uma perda de recursos."



"Para ser eficiente a avaliação precisa ser sustentada por uma cultura de aprendizado: sem esta, corre o risco de se tornar um exercício irrelevante, ou pior, uma restrição burocrática sufocante"



"O monitoramento é um processo sistemático e contínuo que, produzindo informações sintéticas e em tempo eficaz, permite a rápida avaliação situacional e a intervenção oportuna que confirma ou corrige as ações monitoradas"



"Quem não monitora os problemas que deve resolver e o resultado das ações com as quais pretente enfrentá-las não sabe o que acontece por conta do seu agir e nem que mudanças provocou com sua ação."



"Para monitorar é necessário tornar preciso o problema, demarcá-lo e medi-lo com rigor, conhecer suas principais determinações e desenhar ações específicas com o poder de eliminar ou minimizar as causas fundamentais que o geram. Ao se implementarem as ações, deverão ser produzidos indicadores pertinentes - porque são úteis para quem responde por sua execução - e, portanto, passíveis de serem trabalhados (analisados e avalidados) para poder informar a quem tem o dever de coordenar as ações e poder corrigi-las, caso necessário. Somente problemas bem definidos e ações bem desenhadas e programadas, ambos identificados por preciosos e detalhados indicadores, são passíveis de monitoramento, podendo ser avaliados de forma conseqüente e oportuna."



"Acampanhamentos e avaliações superficiais sob a forma de relatórios não orientados para a tomada de decisão, produzidos com enormes lapsos de tempo, sem nenhuma sintonia com os processos reais exigentes da atenção e intervenção dos gerentes de programas e dos condutores do plano."



"Quem monitora, avalia. Quem avalia, confirma ou corrige, exercendo o poder de dirigir consciente e direcionalmente"



"O monitoramento requer a produção sistemática e automatizada de informações relevantes,
precisas, sintéticas"



"Essas informações existirão apenas quando a ação tiver sido desenhada e programada de forma a permitir que se cumpra a exigência de produzir informações apropriadas e a um ritmo adequado à tomada de decisões. E isso se consegue criando condições favoráveis (técnica e informacionalmente) para se estabelecer a obrigatoriedade do registro das informações necessárias que compõem o sistema de monitoramento. "






SISTEMA DE MONITORAMENTO


BEM DEFINIDO. No monitoramento, o usuário é um ator concreto, atual, muito bem definido, que necessita de informações para orientar a ação cotidiana, para conhecer seus resultados e compará-los com o planejado.



ULTRA-SELETIVA. Os sistemas de monitoramento são projetados para atender um usuário concreto, responsável por um plano/programa/projeto específico. A informação necessária é ultra-seletiva.



INFORMAÇÃO EM TEMPO EFICAZ.O monitoramento tem que atuar em tempo eficaz e, no limite, em tempo real, pois é usado para corrigir com oportunidade ações em andamento. Informação fora do prazo eficaz desinforma.



PERECÍVEL. O monitoramento serve como ‘feed back’ para a ação, produzindo informações perecíveis. Se chegarem fora do tempo terão valor igual ao de um jornal velho.




PRODUÇÃO DESCENTRALIZADA E USO ESPECÍFICO. O monitoramento é totalmente descentralizado, produzindo informações que permitam corrigir oportunamente ações no nível em que ocorram. Seu uso é muito particular para as necessidades do usuário.




INDICADORES E SINAIS. O monitoramento opera com indicadores e sinais significativos para um usuário específico. Resultam de um processamento complexo das informações básicas e é dirigido para atender necessidades decisórias referentes aos planos/programas conduzidos pelo usuário.




Os sistemas de informações tradicionais, baseados em estatísticas e em registros descontínuos e inorgânicos, muitas vezes quase aleatórios, tentam oferecer muita informação não pertinente e não processada. Desse modo, provocam uma congestão no sistema sensorial das organizações e, “em último termo, acabam por desinformar ao dirigente. Muitas antenas anulam a capacidade e nitidez de recepção da informação que importa. Se confunde a enorme massa de informação gerada na base, que constitui a matéria-prima informativa que deve ser processada pelo monitoramento, com o número reduzido de informações relevantes que, mediante filtros inteligentes, geram os sinais que devem guiar o processo de direção. O sistema de monitoramento deve ser capaz de manejar em forma ágil e flexível uma grande massa de informação sobre a gestão de uma organização pública, reduzindo esta grande massa que desinforma por sobrecarga de dados a um grupo reduzido de sinais e informação filtrada e inteligente




"Assim como um alto dirigente responde pelo conjunto do plano, um gerente é o responsável pelo enfrentamento global do problema que o programa busca resolver. Isso significa que a ele cabe coordenar o conjunto de ações concebidas como necessárias e suficientes, para que sejam implementadas de forma convergente, na seqüência temporal apropriada, com a intensidade adequada, atingindo as causas críticas do problema. Da mesma forma, o alto dirigente precisa saber, no seu nível, do andamento global do plano para poder conduzi-lo com propriedade, tomando as decisões corretas, no tempo certo. Para assim procederem, é imprescindível que estejam, ambos, permanentemente aptos a tomarem as decisões necessárias em cada momento que elas se apresentarem, com segurança e oportunidade. Isso se concretiza com contínuas avaliações de desempenho.




“Como se consegue isso?
A resposta é simples: estando informado sobre tudo o que é importante, para poder avaliar e agir. Mas alcançar essa condição não é algo simples. Supõe que as informações de base (menor unidade operativa de cada ação) estejam sendo registradas, agrupadas (para conformar um conjunto significativo), agregadas (para compor tarefas e, posteriormente ações), relacionadas (para construir os indicadores), analisadas e avaliadas. Importa, também, estar informado sobre o contexto no qual se desenvolvem as ações (restrições, imprevistos, surpresas, oportunidades), pois a informação (ou indicador) somente ganha sentido e torna-se inteligível quando referida ao cenário no qual se realizou. Ademais, é fundamental dispor de informações em tempo oportuno para poder agir com eficácia e, é bom lembrar, as ações acontecem em ritmos de tempo diferentes, exigindo decisões em tempos também distintos.”





Origem "Subsídios para Organizar Avaliações da Ação Governamental"
Ronaldo Coutinho Garcia
Brasília, janeiro de 2001

ISSN 1415-4765